Carros elétricos vs. combustão: explorando mitos e acelerando a segurança
O mercado de carros elétricos está em alta, mas ainda há receios quanto à segurança, especialmente sobre o risco de explosões. Vamos esclarecer esse mito comparando os riscos de explosão em carros elétricos e a combustão
Crescimento significativo, dúvidas persistentes
Entre 2019 e 2023, o Brasil testemunhou um aumento impressionante de 787% no número de carros elétricos, alcançando uma frota de 291.089 unidades, conforme dados da Senatran. Esse crescimento exponencial, impulsionado por avanços tecnológicos e preocupações com a sustentabilidade, despertou questionamentos sobre a segurança desses veículos, especialmente no que diz respeito aos riscos de incêndio.
Qual carro corre mais risco de incêndio: elétrico ou a combustão?
Carros elétricos: apresentam uma probabilidade significativamente menor de pegar fogo em comparação com os veículos movidos a gasolina. De acordo com um estudo da Autoinsurance EZ, apenas 0,02% dos incêndios nos EUA envolveram carros elétricos, refletindo a eficácia das tecnologias de segurança implementadas nesses veículos.
Carros a combustão: são mais comuns nas estradas e apresentam uma probabilidade maior de incêndio em comparação com veículos elétricos. A tecnologia de motores a combustão interna está associada a um maior risco de ignição, especialmente em situações de acidentes severos ou falhas mecânicas. Segundo dados do National Fire Protection Association (NFPA), os carros a combustão representaram cerca de 15% dos incêndios totais nos EUA, refletindo a frequência relativamente maior desses incidentes.
Segurança dos carros elétricos: desmistificando riscos
A segurança dos carros elétricos em relação ao risco de explosão é uma dúvida comum. De fato, existe um risco, mas é significativamente menor do que nos carros a combustão. Carlos Augusto Serra Nova, diretor do Grupo de Infraestrutura e integrante do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), esclarece: “Há risco de explosão, porém muito menor do que em um carro a combustão. Tudo tem suas falhas, tudo pode apresentar erros, mas um carro elétrico é muito mais protegido e seguro.” Os carros elétricos são equipados com um sistema de gerenciamento de bateria (BMS) que monitora constantemente a temperatura das células da bateria, garantindo maior segurança.
Uma pesquisa recente do TechXplore conclui que as preocupações sobre a segurança dos carros elétricos são exageradas. Ambos os tipos de veículos passam por testes rigorosos de resistência e colisão. Segundo o IIHS (Institute for Highway Safety), nenhum teste com carros elétricos resultou em incêndios. No entanto, os carros elétricos, por serem mais pesados, podem causar danos mais significativos em colisões e apresentam riscos aumentados para pedestres devido ao seu funcionamento silencioso.
Desafios únicos em casos de incêndio
Quando ocorrem incêndios em carros elétricos, podem apresentar desafios únicos. As baterias de alta voltagem podem liberar gases tóxicos e dificultar a extinção completa do fogo, exigindo técnicas especializadas de combate a incêndios.Parte superior do formulário
Quando ocorrem incêndios em carros elétricos, eles podem apresentar desafios únicos. As baterias de alta voltagem podem liberar gases tóxicos e dificultar a extinção completa do fogo, exigindo técnicas especializadas de combate a incêndios. Clemente Gauer, diretor de assuntos corporativos da Tupi Mobilidade e membro do grupo de trabalho de segurança da ABVE, enfatizou em entrevista ao Jornal do Carro (Estadão) que a probabilidade de um carro elétrico pegar fogo é extremamente baixa em comparação com modelos a combustão. Essa menor probabilidade resulta em um tempo de resposta mais amplo para operações de resgate.
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Um estudo da AutoinsuranceEZ, mencionado por Gauer, revela que a probabilidade de incêndio em veículos elétricos é 61 vezes menor do que em veículos similares equipados com motores a combustão interna. A BYD, líder de vendas de veículos elétricos no Brasil e globalmente, afirma que os riscos de incêndio em seus veículos são reduzidos em até 80 vezes em comparação com modelos movidos a gasolina ou diesel.
Embora os veículos elétricos sejam menos propensos a incêndios, quando ocorrem, podem ser mais desafiadores de extinguir completamente e tendem a queimar a temperaturas mais elevadas, conforme indicado por estudos do Diretório de Periódicos de Acesso Aberto (DOAJ).
Comparativo de eficiência e segurança
Carros a combustão: utilizam um motor que mistura combustível e ar, resultando em explosões que movem os pistões. Este processo não é eficiente, com aproximadamente 70% da energia perdida na forma de calor. Além disso, esses motores são complexos e exigem diversos componentes, aumentando o peso e a necessidade de manutenção.
Carros elétricos: obtêm energia de baterias, convertendo corrente contínua em alternada para acionar o motor elétrico. Esses motores são mais eficientes, utilizando cerca de 95% da energia disponível e dispensando sistemas de exaustão, o que reduz o ruído. O controle da velocidade é mais preciso, proporcionando uma produção uniforme de potência.
Emissões e impacto ambiental
Carros a combustão interna liberam uma grande quantidade de gases poluentes, contribuindo para o aquecimento global e prejudicando a saúde humana. Em contraste, veículos elétricos não emitem gases de efeito estufa durante o uso. Mesmo considerando a produção de energia para fabricação e carregamento, o ciclo de vida de um carro elétrico emite menos poluentes do que um veículo a combustão.
Abastecimento e custo
Carros a combustão podem ser abastecidos rapidamente em postos amplamente disponíveis. Carros elétricos, por outro lado, demoram mais para recarregar, mas essa diferença está diminuindo com o desenvolvimento de carregadores ultrarrápidos. Em termos de custo, a eletricidade é significativamente mais barata que a gasolina. Por exemplo, percorrer 15 mil km com um carro a combustão pode custar cerca de R$ 10.650 por ano, enquanto um carro elétrico gastaria apenas R$ 1.612,50 para a mesma distância.
Autonomia e manutenção
Carros a combustão têm uma autonomia típica de 400 a 500 km por tanque. Os carros elétricos estão rapidamente alcançando essa marca, com modelos capazes de percorrer até 1.000 km com uma única carga. A crescente rede de eletropostos também facilita viagens longas, e muitos carros elétricos vêm com carregadores portáteis para emergências.
Em termos de custo de aquisição e manutenção, atualmente, os carros elétricos são mais caros devido ao alto custo das baterias. No entanto, os custos de produção dessas baterias estão caindo, tornando os veículos elétricos cada vez mais acessíveis. A manutenção é geralmente mais barata para carros elétricos devido à menor quantidade de peças móveis e à ausência da necessidade de troca de óleo, fluidos e correias.
Desempenho e sustentabilidade
O desempenho dos carros elétricos tem se destacado, oferecendo aceleração instantânea e suave graças ao torque imediato dos motores elétricos. Em termos de sustentabilidade, os carros elétricos produzem zero emissões na estrada, reduzindo significativamente a poluição do ar e o impacto ambiental em comparação com os veículos a combustão.
Segurança das baterias e medidas preventivas
As baterias dos carros elétricos são frequentemente alvo de dúvidas e mitos, especialmente em relação à segurança. No entanto, a ciência e a tecnologia garantem que esses veículos sejam extremamente seguros, com múltiplas camadas de proteção e medidas preventivas rigorosas.
Múltiplas camadas de segurança:
- Sistema de gerenciamento de bateria (BMS): o “cérebro” da bateria, monitorando constantemente cada célula, garantindo:
- Operação segura: evita sobrecarga, superaquecimento e outros perigos.
- Eficiência otimizada: maximiza o desempenho da bateria e prolonga sua vida útil.
- Isolamento térmico: escudos contra temperaturas extremas, protegendo as células.
- Proteção contra perfurações: estruturas robustas resistem a impactos e perfurações acidentais.
- Válvulas de liberação de pressão: liberam gases em caso de sobrepressão, evitando explosões.
- Carcaça resistente ao fogo: protege as células de chamas e propagação de incêndio.
Testes rigorosos:
- Impacto: simulam colisões e quedas para garantir a integridade da bateria.
- Perfuração: verificam a resistência da bateria a perfurações acidentais.
- Incêndio: avaliam a propagação de chamas e a eficácia dos sistemas de segurança.
Treinamento para equipes de resgate:
Profissionais especializados são capacitados para lidar com incêndios em carros elétricos de forma segura e eficiente, utilizando técnicas e equipamentos específicos.
Pesquisa e desenvolvimento contínuos:
A indústria investe constantemente em pesquisas para aprimorar a segurança das baterias de íon-lítio.
- Novos materiais: mais resistentes ao calor, com menor risco de incêndio e maior capacidade de armazenamento de energia.
- Tecnologias inovadoras: sistemas de proteção aprimorados, como extintores automáticos e detecção precoce de falhas.
Incidência de incêndios comparada
Na Noruega, a incidência de incêndios em veículos elétricos e híbridos é significativamente menor em comparação com veículos tradicionais a gasolina e diesel. De acordo com a Agência Norueguesa para Segurança e Preparação para Emergências, houve apenas 3,8 incêndios por 100.000 carros elétricos ou híbridos em 2022, em comparação com 68 incêndios por 100.000 carros movidos a combustíveis fósseis. Um relatório australiano da EV FireSafe reforça essa diferença, destacando que a chance de uma bateria elétrica de carro de passageiros pegar fogo é de apenas 0.0012%, em contraste com 0.1% para veículos de combustão interna.
A revolução na mobilidade
A adoção de carros elétricos deve disparar nos próximos anos, com mais de 100 milhões de unidades esperadas nas estradas até 2026 e mais de 700 milhões até 2040, de acordo com o Long-Term Electric Vehicle Outlook (EVO) da BloombergNEF (BNEF). A pesquisa revela que a eletrificação está se expandindo rapidamente em todos os setores do transporte rodoviário, abrangendo desde riquixás a caminhões pesados e alcançando economias emergentes na Ásia como Índia, Tailândia e Indonésia.
Projeções futuras
As vendas de veículos elétricos de passageiros estão projetadas para crescer significativamente: de 10,5 milhões em 2022 para 22 milhões em 2025, representando 26% das vendas totais. Em 2030, espera-se que alcancem 42 milhões (44% das vendas) e em 2040, 75 milhões (75% das vendas). Este crescimento será liderado por países como China, Alemanha, Coreia do Sul, França e Reino Unido.
Até 2030, prevê-se que 244 milhões de veículos elétricos estejam em circulação, aumentando para 731 milhões em 2040, representando 46% da frota global. Para atingir as metas de zero emissões líquidas de carbono, a transição precisará acelerar, com 298 milhões de veículos elétricos até 2030 e 1,1 bilhão até 2040. A demanda por petróleo no transporte rodoviário está próxima de seu pico, com substituição esperada dos veículos a combustão por elétricos, levando ao pico da demanda de combustível rodoviário em 2027.
Desafios no caminho para a eletrificação
A eletrificação do transporte surge como uma solução crucial para combater as mudanças climáticas e reduzir a poluição do ar, além de trazer benefícios como a melhoria da qualidade do ar nas cidades e a criação de novos empregos na indústria verde.
Estima-se que até o final da década sejam necessários US$ 188 bilhões em células de bateria e fábricas de componentes para viabilizar a eletrificação em escala global. O lítio, essencial na fabricação de baterias, terá sua demanda multiplicada por 22, o que requer uma cadeia de fornecimento sustentável e responsável.
Governos, indústria e sociedade civil desempenham papéis fundamentais nesse processo. Apesar dos desafios, essa transição representa uma oportunidade para moldar um futuro mais verde, sustentável e resiliente às mudanças climáticas, com cidades mais limpas, ar mais puro e um planeta mais saudável para as próximas gerações.
Avançando com segurança no futuro da mobilidade
Embora ambos os tipos de veículos tenham seus prós e contras, os carros elétricos emergem como a escolha mais segura e sustentável para o futuro. Com tecnologia avançada, menor impacto ambiental e eficiência operacional superior, eles representam não apenas uma mudança na indústria automotiva, mas também um passo crucial em direção a um transporte mais limpo e seguro para todos.
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